quarta-feira, 11 de novembro de 2015

A floresta de Doritos


Adoro este vídeo, já o partilhei há imenso tempo no facebook no qual formulei a seguinte frase: "Eu não como Doritos, mas eu vendo Doritos", ou seja no fundo também estou a contribuir para a destruição de florestas tropicais e de vários ecossistemas.

O facto de não comer Doritos não de deve nem a querer ser sustentável, nem saudável, simplesmente nunca gostei de Doritos, Cheetos, 3Ds, essas coisas, nem de batatas fritas de pacote com sabores. Nesse tipo de coisas apenas gosto de batatas fritas de pacote sem sabor, mas mesmo essas tento evitar, e nisso já é uma questão de tentar ser saudável. Como-as eventualmente a alguma refeição quando já não dá para fazer nenhum acompanhamento, mas bem cá em casa normalmente tenho sempre um resto de arroz no frigorífico ou qualquer coisa do género.

Mas se este vídeo fala dos Doritos, a questão é que não é só este produto alimentar que contribui para a desflorestação e consequente implementação da monucultura da palmeira de onde é extraído o óleo de palma. A grande maioria dos produtos industrializados/processados têm na sua composição este óleo, nomeadamente batatas fritas, chocolates, bolachas, cereais açucarados, produtos de cosmética, produtos de higiene, etc, etc.


Mas afinal qual o problema do óleo de palma?

O óleo de palma é tradicionalmente utilizado na culinária angolana e brasileira e pelo que li tem alguns aspectos positivos ao nível de algumas doenças. Mas então quais são os seus problemas? O facto de ser bastante utilizado em diversos produtos industrilizados deve-se ao seu baixo custo, bem como à textura macia que confere aos alimentos. E é segundo consta o óleo mais barato a nível mundial, não admira por isso que o usem em tudo.

O consumo cada vez maior de produtos industrializados promove, portanto, uma procura cada vez maior deste óleo. O qual tem como maiores produtores a Malásia e a Indonésia, lá anda o mundo inteiro a importar óleo destes países com os consequentes problemas ambientais a isto associados. Assim, a alta produtividade deste óleo atrai cada vez mais investidores, o que se reflecte no desflorestamento de cada vez mais florestas nestes países e consequente na perda de ecossistemas e da biodiversidade. E ainda em futuros problemas nos solos devido à monocultura intensiva, ao que ainda se junta o facto de que para se criarem novas áreas de cultura de palma, as florestas locais são queimadas provocando elevadas emissões de CO2.

E assim, desta forma, os Doritos, as bolachas e os sabonetes que usamos estão a acabar com a vida da fauna e flora por esse mundo fora. Lá do outro lado do mundo, naqueles sítios distantes que nem nos lembramos que existem.

Ao nível da saúde, o óleo de palma é considerado dos mais ricos em beta-caroteno e em vitamina E. No entanto, tal como acontece a todos os óleos em geral, após o refinamento, aquecimento e cozimento perde quase todas as suas qualidades, prevalecendo as características negativas para a saúde. Os óleos utilizados nas comidas industrializadas são bastante refinados e oxidados. Assim, o consumo de óleo de palma fresco é positivo, mas o consumo da comida industrializada com este óleo nem por isso. Mas bem nem com este, nem com outro não é verdade? Saber, nós sabemos, mas nem por isso as deixamos de comer.

E de vez em quando aparecem notícias destas Parem de comer Nutella para proteger o ambiente. O pedido é da ministra francesa Ségolène Royal. E eu que gosto tanto de Nutella, mas bem não tem nada de positivo nem para a saúde, nem para o ambiente, só mesmo o sabor. É muito mais sustentável e saudável comer as minhas compotas que eu gosto igualmente. Então o meu segredo para deixar a Nutella longe de mim é não comprá-la, nem sequer passar por ela no corredor. Se não tiver em casa não tenho vontade de a comer. Mas de vez em quando, há um guloso que vai ao supermercado e sem a minha autorização compra essas coisas, nutella, bolachas, etc. Então o que eu faço é pôr essas coisas lá atrás de tudo e mais alguma coisa, afinal, coração que não vê, não sente.


Assim, qual é a solução?

A bem da nossa saúde é tentarmos comer o menor número de produtos industrializados, e nisto lá vai a minha loja à falência. A verdade é que entre os produtos pouco saudáveis que vendo, normalmente quanto menos saudáveis mais se vendem, enquanto os mais saudáveis temos de os desistir de vender porque ninguém os compra. Logo, nós enquanto consumidores fazemos as nossas escolhas, se deixarmos de comprar produtos muito processados, os comerciantes e produtores vão procurar outras alternativas. Além disso nós próprios podemos dar sugestões, na minha loja por exemplo só vendemos Água Pedras Salgadas porque alguém nos alertou para que devíamos vender. E a verdade é que se vai vendendo bem.

Por outro lado, talvez as marcas devam substituir o óleo de palma por outros produtos que não tenham efeitos tão desastrosos no ambiente. Mas isso pode significar o aumento de preços para o consumidor ou a redução do lucro para o produtor. Por isso, penso que apenas regras mais apertadas trariam mudanças mais profundas na composição dos alimentos processados.

De qualquer forma e como nem sempre estamos habituados a ler os rótulos ou a conseguir dizer a tudo que não - sem contar que muitas vezes nos rótulos em vez de óleo de palma, diz simplesmente óleo vegetal, não sabendo nós de quê - o modo mais fácil para reduzir o consumo de produtos com óleo de palma é mesmo tentarmos ter uma alimentação mais saudável, por nós e pelo ambiente.

E por isso eu digo para mim Doritos nunca, mas Nutella às vezes. Mas cada vez menos. Mas durante a gravidez, praticamente deixei de ter bolachas e essas coisas em casa, assim comi muita, mas muita fruta e cenouras.

Já agora aproveitem que hoje é dia de São Martinho de troquem os produtos processados por umas maravilhosas castanhas, bem tradicionais, bem nossas.
β-caroteno
β-caroteno

3 comentários:

  1. Eu bem tento reduzir os produtos processados. E a mim nem me fazem muita falta. Rapidamente nos rehabituamos aos sabores caseiros e naturais (e que bem que me sabe roer uma cenoura!, embora vá, também goste de umas batatinhas fritas simples ou de bolachas digestivas...). Mas cá em casa também mora um guloso que se lhe pedir para ir comprar alface e manteiga, por exemplo, volta também com uma pizza, nutella, pringles... por aí. Mas mesmo assim, acho que já estamos muito melhor!

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    1. Estou a ver que estes gulosos habitam em todas as casas :P nós quando vamos os dois juntos às compras, ele contra-se mais, mas quando é só ele sai disparate. Mas o pior é que depois das coisas estarem cá, eu como muito mais, sou menos resistente à tentação :P

      Mas também acho que cada vez compramos menos produtos desses :)

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    2. Pois, a dois as compras conseguem ser muito mais controladas. Mas então agora durante a gravidez, que eu não conseguia fazer nada, abusou! ;) E lá tive mesmo que resistir à tentação, que a maioria das coisas nao podia comer mesmo, por causa da diabetes gestacional. Agora que já posso comer é que é mais dificil resistir à tentação!

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